sexta-feira, 25 de abril de 2008

Greve. Imprensa

Greve pára escolas estaduais no Pará

Educação. Cerca de 800 mil estudantes devem ficar sem aulas a partir de hoje
Oitocentos mil estudantes da rede estadual devem ficar sem aulas a partir de hoje em todo o Pará. É que, ontem à noite, os professores e servidores da Secretaria Estadual de Educação (Seduc) decidiram entrar em greve por tempo indeterminado. A decisão foi tomada em assembléia promovida pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública no Pará (Sintepp), após uma audiência com a secretária estadual de Educação, Iracy Gallo, na sede da Seduc, à rodovia Augusto Montenegro. Não houve acordo entre o governo e a categoria. Os grevistas já marcaram até uma passeata para a terça-feira, 29, às 9 horas, no Centro Arquitetônico de Nazaré (CAN). Eles sairão em caminhada até o Centro Integrado de Governo (CIG). Segundo o presidente do Sintepp, Eloy Borges, a secretária apresentou a proposta de reajuste salarial de 9,21% para os servidores de nível fundamental; 10,07% para os de nível médio e 6% para os de nível superior.
Além disso, a secretaria prometeu garantir, através de decreto, um valor pago no contracheque a título de auxílio-alimentação. Porém, a tabela com os valores para cada categoria só seria apresentado na audiência do próximo dia 29. A proposta foi rejeitada pelo Sintepp, ainda na reunião, e depois reafirmada pela categoria em assembléia realizada pouco antes das 19 horas, no estacionamento da Seduc.
Os professores e servidores da rede estadual decidiram minutos antes do início da audiência com a secretária Iracy Gallo, que não aceitariam menos de 30% de reajuste salarial mais vale-alimentação no valor de R$ 400,00. A categoria já amarga perdas salariais históricas, durante 13 anos, que se aproximam de 70%. A rede estadual de ensino possui em torno de 1,2 mil escolas e cerca de 13 mil professores em todo o estado.
Os servidores entraram em estado de greve desde o último dia 10 de abril, depois que souberam que o governo pretende dar um reajuste menor do que o concedido em 2007, que foi de 9,8%. De acordo com o sindicato, no ano passado, o governo conseguiu convencer os trabalhadores de que não poderia repor as perdas salariais porque estava trabalhando com o orçamento do governo anterior. Em 2008, porém, não apresentou justificativa para não atender os pedidos da categoria.
Com a calculadora do celular ativada e em mãos, o professor de Geografia, Daniel Ramoa, disse que o reajuste de 6% representa um aumento de apenas R$ 0,25 em cada hora/aula. 'É um absurdo um reajuste desses. Não temos como aceitar isso', disse o professor.
REAÇÃO
Em resposta à pauta de reivindicações apresentada pelo Sintepp, a Secretaria Estadual de Comunicação (Secom) informou, através de nota na internete, que o governo apresentou as seguintes propostas: reajuste salarial de 9,21% para nível operacional; 10,07% para nível médio e 6% para nível superior, índices que, para o governo, representam 'ganho real acima da inflação' de 4% nos últimos 12 meses. Ainda este ano, o auxílio alimentação será estendido a todos os servidores da educação, com pagamento em contracheque, promete o governo.
Da pauta com 37 itens apresentado à Seduc pelo Sintepp, cerca de 80% das reivindicações já estão sendo encaminhadas, garante o governo do Estado, entre elas: o Plano de Cargos e Carreira do Magistério (PCCR), já em elaboração por uma comissão, com representação do Sintepp; realização de concurso público para preenchimento de 16 mil vagas; gratificação de função para secretários, diretores e vice-diretores; garantia de licença-prêmio para os trabalhadores em educação; e pagamento de insalubridade para serventes e merendeiras. Participaram da reunião realizada na Seduc com os representantes do Sintepp, os secretários estaduais Iracy Gallo (Educação), José Júlio Ferreira Lima (Planejamento) e José Raimundo Trindade (Fazenda).
Jornal O LIBERAL, 25.04.2008

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