quinta-feira, 6 de março de 2008

Impasse em Ananindeua

Professores exigem reajuste salarial e ameaçam aderir à paralisação nacional

Depois de duas tentativas sem sucesso, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará conseguiu se reunir com a Secretaria Municipal de Educação de Ananindeua para discutir o reajuste salarial da categoria. Eles reivindicam que o novo piso deve sair antes de julho e ameaçam paralisar as aulas dia 14 se nada for resolvido.
'O que nós queremos, acima de tudo, é que o prefeito de Ananindeua demonstre vontade política em valorizar os trabalhadores de educação', reclama o presidente do Sintepp, Jair Pena. De acordo com Sindicato, o contrato com a empresa Planeta Educação, pago com recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), é o grande empecilho para uma remuneração digna dos professores em Ananindeua.
A secretária municipal de educação, Leila Freire, informou que a prefeitura está aberta a negociar com o sindicato sobre o piso salarial, mas que o contrato com a Planeta Educação é legal e, de forma alguma corresponde aos 17% do orçamento do Fundeb, como diz o Sintepp.
Por isso a prefeitura não quer discutir a retirada da despesa do pagamento à empresa pelo Fundeb. De acordo com a secretária, o serviço prestado pela Planeta Educação, responsável por laboratórios de informática e suprimentos, também faz parte do plano de valorização da educação do município. Na posição do Sintepp, isso não é valorização. 'Legítimo seria pegar esses 17% e investir no pagamento dos professores de Ananindeua. Nós temos um dos piores salários de toda a região metropolitana de Belém. Eles não consideram a valorização do professor como fator preponderante para o aumento da qualidade do ensino' avalia Jair. 'Há professor ganhando menos que o salário mínimo em Ananindeua', denuncia.
É o caso do professor Amílson Pinheiro, da Escola Municipal Laércio Barbalho. Ele reclama que as 100 horas mensais de trabalho na escola lhe conferem uma remuneração que, descontado a previdência e vales-transportes, pagaria menos que os 415 reais do novo salário mínimo.

Orçamento do Fundeb gera controvérsia

Outro embate entre o sindicato e a prefeitura se refere ao orçamento do Fundeb previsto para 2008. O Sintepp alega que o valor repassado a Ananindeua - que em 2007 estava em R$ 25.500.000,00 - aumentou para R$ 34.070.268,00 em 2008. A secretária de educação do município, Leila Freire, alegou que desconhece o aumento no orçamento e intimou o sindicato a provar o novo valor ou emitir uma errata no material impresso distribuído nas escolas. A reportagem apurou que a estimativa de receita do fundo destinado ao município de Ananindeua em 2008 realmente aumentou para 34 milhões de reais, o que, segundo o sindicato, permitiria um reajuste salarial com folga para a categoria. De acordo com os integrantes da comissão dos professores, a secretaria se comprometeu em reajustar o salário, caso o novo valor do Fundeb fosse confirmado.

Os professores de Ananindeua devem se reunir ainda esta semana para definir os rumos da categoria. A assembléia geral do Sintepp de Ananindeua está marcada para sexta-feira (7) e pode ser decisiva sobre como o sindicato vai se portar em caso de negativas da prefeitura. O Sintepp Ananindeua não descarta aderir à paralisação nacional, prevista para dia 14.
Jornal Amazônia, 06.03.08

Um comentário:

Andréa Simone disse...

Parabéns por todas as conquistas! Um dia alguém disse q não acreditava no sintepp, ainda bem q não sou piolho p me guiar pela cabeça de ninguém, pois sempre acreditei na luta deste sindicato mesmo qdo nem sonhava em ser educadora!