Polícia e professores em confronto
PROTESTO Professores marcharam até o Palácio dos Despachos e foram reprimidos com violência
Professores da rede pública estadual, que estão em greve desde o último dia 24, entraram em confronto, ontem, com a tropa de choque da Polícia Militar, durante manifestação em frente ao Palácio dos Despachos. Os servidores concentraram-se no trevo do conjunto Satélite, à altura do km 7 da rodovia Augusto Montenegro, e saíram em caminhada, às 9h40, em direção ao palácio. Munidos de apitos e panelas, os manifestantes ocuparam a pista no sentido Entroncamento-Icoaraci, da rodovia, tornando o trânsito mais lento. Apenas motos, bicicletas e alguns carros pequenos conseguiram furar o bloqueio dos professores. Carros na contramão tentavam fugir do congestionamento e eram orientados pelos próprios manifestantes. Na chegada ao palácio, após 2 km de caminhada, os professores trocaram de pista e passaram a interditar a rodovia no sentido contrário. Lá, cerca de 200 membros do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) e do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) já esperavam os professores para ajudar a engrossar o movimento. Logo depois, o chefe da Casa Militar, coronel Raimundo Pantoja Jr. foi até o portão negociar a entrada dos professores. Alguns manifestantes mais exaltados sacudiram os portões do prédio público, mas não houve invasão. Em seguida, uma comissão de 12 professores foi recebida pelo chefe de gabinete da Casa Civil. Nas últimas negociações, o governo estadual prometeu aumento de 9,21% para servidores de nível fundamental, 10,07% para nível médio e 6,5% para quem tem nível superior. De acordo com Eloy Borges, o Estado apresentou proposta de R$ 50,00 em tíquete-alimentação para os níveis fundamental e médio e de R$ 100,00 para o nível superior. “A nossa reivindicação é de reajuste salarial de 30% e tíquete-alimentação de R$ 400,00 equiparado para toda a categoria. Queremos que o governo reverta a sua posição e faça uma proposta razoável”.
Sem negociação, grevistas ocupam pistas
Apesar da comissão ter sido recebida no Palácio dos Despachos, o governo não renovou as propostas. Após 15 minutos, a comissão retirou-se do prédio e manifestantes ocuparam as duas pistas da rodovia Augusto Montenegro.Os professores puseram pneus para interditar a via, mas, devido à chuva que começou a cair, não incendiaram os objetos. Foi confeccionado um boneco representando a governadora Ana Júlia Carepa e arrancaram sua cabeça, aos gritos de “traidora”. Como o trânsito ficou completamente engarrafado, policiais militares foram até os professores e avisaram que eles tinham cinco minutos para desobstruir a via. Em resposta, os manifestantes sentaram-se na pista e o clima ficou mais tenso. Após muito bate-boca e empurra-empurra, a tropa de choque do Grupo Tático da PM usou bombas de efeito moral, spray de pimenta e balas de borracha para dispersar a multidão. Os manifestantes revidaram jogando pneus e pedras nos policiais. Até lixo foi usado pelos professores no confronto. Um caminhoneiro teve que ser socorrido pela PM porque passou mal com o spray e uma mulher teve sangramento no nariz, quando uma bomba de efeito moral explodiu ao seu lado. Numa casa que fica em frente ao Palácio dos Despachos, um artefato caiu no pátio e os moradores tiveram que correr para o quintal. Os professores Pedro Maia e Emília Poça ficaram feridos na confusão. “Eu me sinto revoltado com essa postura do governo que está nos tratando como bandidos”, reclamava Pedro.Mesmo com a retirada dos professores da frente do Palácio dos Despachos, a rodovia continuou interditada. Os manifestantes, fugindo do confronto, ocuparam um trecho mais à frente da rodovia, no sentido Icoaraci-Entroncamento. A cada passo que os professores davam, a tropa de choque ia atrás. Um único manifestante permaneceu sentado na rodovia e foi arrancado à força pela PM que o encaminhou para as dependências do palácio. Segundo a Secretaria de Estado de Comunicação (Secom), ele é estudante e foi liberado no início da tarde de ontem. Mas, de acordo com Randel Sales, membro da Coordenação do Sintepp, o saldo de detidos foi maior. “Um estudante e cinco professores foram detidos e encaminhados para a Delegacia Geral para serem indiciados por formação de quadrilha, dano ao patrimônio público e desacato à autoridade”, disse. De acordo com a assessoria da Polícia Civil, nenhum manifestante foi apresentado para indiciamento na Delegacia Geral, localizada na avenida Magalhães Barata. Por volta das 11h40, o trânsito foi, parcialmente, liberado com a ajuda de dois agentes de trânsito da CTBel (Companhia de Transportes de Belém), mas ainda era possível ver disparos isolados de balas de borracha. A cada quilômetro caminhado em direção ao Entroncamento, os professores iam deixando obstáculos ao longo da rodovia, como pedaços de madeira, pneus e até um poste de concreto. Por volta de 13h, os professores dispersaram-se, prometendo voltar a se reunir na próxima segunda-feira (12) às 8h30 na praça Dom Pedro II, em frente à Assembléia Legislativa. Em nota enviada à redação, a Secom informou que toda a equipe econômica do Governo irá rever, neste final de semana, os índices de reajuste salarial oferecido aos servidores públicos estaduais nas negociações com a Intersindical.
PROTESTO Professores marcharam até o Palácio dos Despachos e foram reprimidos com violência
Professores da rede pública estadual, que estão em greve desde o último dia 24, entraram em confronto, ontem, com a tropa de choque da Polícia Militar, durante manifestação em frente ao Palácio dos Despachos. Os servidores concentraram-se no trevo do conjunto Satélite, à altura do km 7 da rodovia Augusto Montenegro, e saíram em caminhada, às 9h40, em direção ao palácio. Munidos de apitos e panelas, os manifestantes ocuparam a pista no sentido Entroncamento-Icoaraci, da rodovia, tornando o trânsito mais lento. Apenas motos, bicicletas e alguns carros pequenos conseguiram furar o bloqueio dos professores. Carros na contramão tentavam fugir do congestionamento e eram orientados pelos próprios manifestantes. Na chegada ao palácio, após 2 km de caminhada, os professores trocaram de pista e passaram a interditar a rodovia no sentido contrário. Lá, cerca de 200 membros do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) e do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) já esperavam os professores para ajudar a engrossar o movimento. Logo depois, o chefe da Casa Militar, coronel Raimundo Pantoja Jr. foi até o portão negociar a entrada dos professores. Alguns manifestantes mais exaltados sacudiram os portões do prédio público, mas não houve invasão. Em seguida, uma comissão de 12 professores foi recebida pelo chefe de gabinete da Casa Civil. Nas últimas negociações, o governo estadual prometeu aumento de 9,21% para servidores de nível fundamental, 10,07% para nível médio e 6,5% para quem tem nível superior. De acordo com Eloy Borges, o Estado apresentou proposta de R$ 50,00 em tíquete-alimentação para os níveis fundamental e médio e de R$ 100,00 para o nível superior. “A nossa reivindicação é de reajuste salarial de 30% e tíquete-alimentação de R$ 400,00 equiparado para toda a categoria. Queremos que o governo reverta a sua posição e faça uma proposta razoável”.
Sem negociação, grevistas ocupam pistas
Apesar da comissão ter sido recebida no Palácio dos Despachos, o governo não renovou as propostas. Após 15 minutos, a comissão retirou-se do prédio e manifestantes ocuparam as duas pistas da rodovia Augusto Montenegro.Os professores puseram pneus para interditar a via, mas, devido à chuva que começou a cair, não incendiaram os objetos. Foi confeccionado um boneco representando a governadora Ana Júlia Carepa e arrancaram sua cabeça, aos gritos de “traidora”. Como o trânsito ficou completamente engarrafado, policiais militares foram até os professores e avisaram que eles tinham cinco minutos para desobstruir a via. Em resposta, os manifestantes sentaram-se na pista e o clima ficou mais tenso. Após muito bate-boca e empurra-empurra, a tropa de choque do Grupo Tático da PM usou bombas de efeito moral, spray de pimenta e balas de borracha para dispersar a multidão. Os manifestantes revidaram jogando pneus e pedras nos policiais. Até lixo foi usado pelos professores no confronto. Um caminhoneiro teve que ser socorrido pela PM porque passou mal com o spray e uma mulher teve sangramento no nariz, quando uma bomba de efeito moral explodiu ao seu lado. Numa casa que fica em frente ao Palácio dos Despachos, um artefato caiu no pátio e os moradores tiveram que correr para o quintal. Os professores Pedro Maia e Emília Poça ficaram feridos na confusão. “Eu me sinto revoltado com essa postura do governo que está nos tratando como bandidos”, reclamava Pedro.Mesmo com a retirada dos professores da frente do Palácio dos Despachos, a rodovia continuou interditada. Os manifestantes, fugindo do confronto, ocuparam um trecho mais à frente da rodovia, no sentido Icoaraci-Entroncamento. A cada passo que os professores davam, a tropa de choque ia atrás. Um único manifestante permaneceu sentado na rodovia e foi arrancado à força pela PM que o encaminhou para as dependências do palácio. Segundo a Secretaria de Estado de Comunicação (Secom), ele é estudante e foi liberado no início da tarde de ontem. Mas, de acordo com Randel Sales, membro da Coordenação do Sintepp, o saldo de detidos foi maior. “Um estudante e cinco professores foram detidos e encaminhados para a Delegacia Geral para serem indiciados por formação de quadrilha, dano ao patrimônio público e desacato à autoridade”, disse. De acordo com a assessoria da Polícia Civil, nenhum manifestante foi apresentado para indiciamento na Delegacia Geral, localizada na avenida Magalhães Barata. Por volta das 11h40, o trânsito foi, parcialmente, liberado com a ajuda de dois agentes de trânsito da CTBel (Companhia de Transportes de Belém), mas ainda era possível ver disparos isolados de balas de borracha. A cada quilômetro caminhado em direção ao Entroncamento, os professores iam deixando obstáculos ao longo da rodovia, como pedaços de madeira, pneus e até um poste de concreto. Por volta de 13h, os professores dispersaram-se, prometendo voltar a se reunir na próxima segunda-feira (12) às 8h30 na praça Dom Pedro II, em frente à Assembléia Legislativa. Em nota enviada à redação, a Secom informou que toda a equipe econômica do Governo irá rever, neste final de semana, os índices de reajuste salarial oferecido aos servidores públicos estaduais nas negociações com a Intersindical.
Elyne Santiago
Puty considerou ação de professores inaceitável
Diante da repercussão dos protestos dos professores, o chefe da Casa Civil, Cláudio Puty, falou sobre o episódio em entrevista coletiva no Palácio dos Despachos, no final da tarde de ontem. Ele considerou “inaceitável” a tentativa de, segundo ele, as pessoas apedrejarem e invadirem o palácio. “O que aconteceu é grave. Não vamos tolerar isso. Vamos atuar dentro da lei e verificar os culpados, sejam eles policiais ou manifestantes”, disse. Puty afirmou ainda que o ato foi “radical” e disse que o governo se espantou com a ação dos professores. “A radicalização da mobilização nos assustou, mas não fomos surpreendidos porque estamos em ano eleitoral e tem muita gente que quer surfar na onda das eleições e utilizar o movimento. Esses mesmos sindicatos que fecharam propostas mais modestas no governo passado, não usaram, na época, da mesma radicalização em seus atos de protesto”, comparou. Segundo ele, o governo do Estado está em negociação com a categoria e por isso solicitou a liminar em que a procuradora Carla Mélen alega ser ilegal a greve dos professores, desde 24 de abril. O ingresso da medida liminar pela Procuradoria Geral do Estado (PGE) aconteceu na última quinta-feira, com pedido de ação civil pública contra o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Pará (Sintepp). O pedido tramita na 3ª Vara. “Queremos a liminar porque não podemos admitir não ter aula para milhares de estudantes. Seremos cobrados pela sociedade se não fizermos nada para acabar com a greve”. Embora a categoria reivindique que o governo reveja as propostas apresentadas, o chefe da Casa Civil afirma que as propostas do governo do Estado são as melhores do País e que foram repostas perdas históricas em que os professores acumularam 75% do poder de compra de salário. No ano passado, segundo ele, foram 5,2% de ganho real. A partir do contracheque do final deste mês, Puty destaca que os professores de nível superior terão aumento de 6,5% e os de nível médio, 10,7%, respectivamente, R$ 2.869,00 e R$ 1.977,00. Além disso, o governo encaminhou projeto de lei à Assembléia Legislativa do Estado para procurar garantir vale-alimentação para 90 mil servidores estaduais.
Cleide Magalhães
Diante da repercussão dos protestos dos professores, o chefe da Casa Civil, Cláudio Puty, falou sobre o episódio em entrevista coletiva no Palácio dos Despachos, no final da tarde de ontem. Ele considerou “inaceitável” a tentativa de, segundo ele, as pessoas apedrejarem e invadirem o palácio. “O que aconteceu é grave. Não vamos tolerar isso. Vamos atuar dentro da lei e verificar os culpados, sejam eles policiais ou manifestantes”, disse. Puty afirmou ainda que o ato foi “radical” e disse que o governo se espantou com a ação dos professores. “A radicalização da mobilização nos assustou, mas não fomos surpreendidos porque estamos em ano eleitoral e tem muita gente que quer surfar na onda das eleições e utilizar o movimento. Esses mesmos sindicatos que fecharam propostas mais modestas no governo passado, não usaram, na época, da mesma radicalização em seus atos de protesto”, comparou. Segundo ele, o governo do Estado está em negociação com a categoria e por isso solicitou a liminar em que a procuradora Carla Mélen alega ser ilegal a greve dos professores, desde 24 de abril. O ingresso da medida liminar pela Procuradoria Geral do Estado (PGE) aconteceu na última quinta-feira, com pedido de ação civil pública contra o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Pará (Sintepp). O pedido tramita na 3ª Vara. “Queremos a liminar porque não podemos admitir não ter aula para milhares de estudantes. Seremos cobrados pela sociedade se não fizermos nada para acabar com a greve”. Embora a categoria reivindique que o governo reveja as propostas apresentadas, o chefe da Casa Civil afirma que as propostas do governo do Estado são as melhores do País e que foram repostas perdas históricas em que os professores acumularam 75% do poder de compra de salário. No ano passado, segundo ele, foram 5,2% de ganho real. A partir do contracheque do final deste mês, Puty destaca que os professores de nível superior terão aumento de 6,5% e os de nível médio, 10,7%, respectivamente, R$ 2.869,00 e R$ 1.977,00. Além disso, o governo encaminhou projeto de lei à Assembléia Legislativa do Estado para procurar garantir vale-alimentação para 90 mil servidores estaduais.
Cleide Magalhães
Fonte: Diário do Pará, 10.05.08
-------------------------------------------------------------------
Nosso comentário: percebe-se na matéria uma tendência de se proteger o governo, considerando que o Diário do Pará é de propriedade do deputado Jáder Barbalho (PMDB), principal aliado da governadora Ana Júlia (PT). Veja que se usa o termo "confronto", como se trabalhadores e a PM estivessem em igualdade de condições. Na verdade a PM partiu violentamente para cima dos professores, fazendo jus a sua fama de truculenta e violenta. O governo estava ciente da manifestação da dos trabalhadores em educação, tanto que havia uma reunião marcada com os representantes destes. E lá chegando, foram recebidos por um "ASPONE" do Chefe da Casa Civil, que não tinha poder nem para servir uma água.
Em relação a manifestação do Chefe da Casa Civil, trata-se de uma tentativa idiota de reverter a culpa pela ação violenta e inaceitável do governo. Querer dizer que o movimento e puramente partidário, em decorrência da eleição, é querer subestimar a categoria dos educadores. Ora, o Sintepp é, juridicamente, apartidário, embora tenha em seus quadros dirigentes ligados a partidos políticos, inclusive do próprio PT.
Um comentário:
Puty destaca que os professores de nível superior terão aumento de 6,5% e os de nível médio, 10,7%, respectivamente, R$ 2.869,00 e R$ 1.977,00 em que ESTADO? pois NO PARÁ é que não é.
Postar um comentário